Hyperloop Technologies avança a alta velocidade: partida e chegada de conceitos a 1220 km/h é agora uma realidade
Num trabalho global de colaboração ao nível da engenharia, será que o Hyperloop pode ser "o grande salto em matéria de infraestrutura de transporte" e o modo mais rápido de viajar pela superfície da Terra?
Em agosto de 2013, Elon Musk da SpaceX e Tesla anunciou o seu conceito Hyperloop como material de código aberto, publicando um artigo de 57 páginas disponível ao público. O artigo rapidamente despertou interesse e inspirou milhares de engenheiros para começarem a desenvolver ainda mais o conceito. O design evoluiu a partir do conceito inicial de Musk, com duas grandes empresas a liderarem o processo – a Hyperloop One da Virgin e a Hyperloop Transport Technologies.
Design e capacidade
O design essencial partilhado consiste em cápsulas de passageiros pressurizadas, que se deslocam através de tubos de aço sob vácuo, mediante levitação magnética e propulsão elétrica. A criação de vácuo no interior do tubo de aço elimina a resistência aerodinâmica e, através da levitação magnética que afasta a cápsula de passageiros do trilho, reduz a fricção - os dois principais fatores que afetam os veículos atualmente. Praticamente sem resistência, as cápsulas de passageiros conseguem atingir velocidades expetáveis de 1220 km/h (velocidade do som), usando uma quantidade mínima de energia.
Para colocarmos as suas capacidades em perspetiva, as viagens de comboio, por exemplo, entre Los Angeles e San Francisco, que se estendem por aprox. 900 km e levam, habitualmente, 3 horas, poderiam ser encurtadas para apenas 30 minutos.
Planos e estado
Em maio de 2016, Virgin, os atuais líderes do Hyperloop, lançaram o The Virgin Hyperloop One Global Challenge para procurar propostas para as melhores e mais vantajosas rotas mundiais. Candidataram-se mais de 2600 equipas, apresentando 10 rotas vencedoras. No Reino Unido situam-se duas das rotas vencedoras com a proposta de uma linha de 666 km entre Londres e Edimburgo, capaz de reduzir o tempo de viagem de 7 horas de carro, 4 horas de comboio e 1 hora e 20 minutos de avião para uns incríveis 50 minutos de Hyperloop. A segunda rota, conhecida por "The Northern Arc" ("O Arco norte"), deve o seu nome ao trajeto curvo de transporte que pretende ligar Liverpool a Glasgow, com paragens em Manchester, Leeds e Newcastle-Up-On-Tyne pelo caminho. Outros locais definidos para beneficiar do projeto são o Canadá, as Montanhas Rochosas nos EUA, o Texas nos EUA, a Região Centro-Oeste dos EUA, o México, a Índia e uma visão de larga escala de ligações europeias. Todas as linhas propostas estão, neste preciso momento, a ser alvo de estudos para determinar a sua viabilidade.
Em 2016, o príncipe herdeiro do Dubai, o xeque Hamdan bin Mohammed bin Rashid Al Maktoum, também concordou em avaliar uma possível ligação por Hyperloop One entre o Dubai e Abu Dhabi, procurando aliviar um trajeto congestionado de 90 minutos para apenas 12 minutos. No início do ano, a Virgin Hyperloop One apresentou a sua cápsula hyperloop ao público no Dubai, demonstrando que a taxa de adoção e desenvolvimento está a evoluir tão depressa como a própria tecnologia hyperloop.
Hyperloop – o primeiro
É extremamente interessante que a construção do primeiro hyperloop vá ocorrer na Índia, depois de o ministro chefe de Maharashtra ter assinado um acordo-quadro em fevereiro deste ano. 26 milhões de pessoas ficarão ligadas entre Pune, o Aeroporto Internacional de Nova Bombaim e Bombaim, com um tempo de viagem de apenas 25 minutos. Segundo a Virgin, a rota irá transportar passageiros e mercadorias, "capaz de realizar anualmente viagens de 150 milhões de passageiros, poupando mais de 90 milhões de horas de viagem". Estimam também que este desenvolvimento irá criar benefícios socioeconómicos na ordem dos 55 mil milhões de dólares, como resultado da poupança de tempo e custos operacionais, já para não falar na redução do número de acidentes nas estradas notoriamente movimentadas da Índia.
Mudança
À medida que abraçamos estas novas tecnologias, crescem as possibilidades de uma "revolução" mais ampla. Teoricamente, as empresas terão a oportunidade de recrutar a sua mão-de-obra em regiões mais distantes, dada a redução nos tempos de viagem diários; a urbanização e a consequente infraestrutura irão também alargar-se, com as novas tecnologias aplicadas às energias renováveis, à transmissão de dados e ao tratamento de água, utilizadas para ajudar na difusão pelas cidades. As formas como esta tecnologia podem afetar o nosso mundo são infinitas, conhecendo limites apenas na nossa imaginação. Evidentemente, levará bastante tempo até que os comboios de rodas de aço sejam completamente substituídos, e as pessoas mostrarão alguma relutância em largar os seus automóveis, já para não falar das mudanças em termos de saúde e segurança, que terão de ser exploradas antes de esta solução se tornar um lugar-comum para viajar; mas estamos a dar um grande passo em frente no domínio da realidade científica em vez da ficção científica.