Já não se trata de futurismo – as energias renováveis estão aqui para ficar
No passado mês de outubro de 2016, a BBC divulgou um comunicado da Agência Internacional de Energia segundo o qual a capacidade mundial de gerar energia renovável excedeu pela primeira vez a do carvão. Parece que alcançamos finalmente o ponto de inflexão onde a energia renovável se torna economicamente viável à escala global.
É verdade que, por enquanto, apenas a produção potencial de energia excedeu a do carvão, mas as fontes de energia renovável, sejam elas eólicas, solares ou hídricas, estão a ser adotadas e instaladas a uma escala e a um ritmo impressionantes. É certamente apenas uma questão de tempo até que o carvão seja deixado de lado em termos de produção de energia.
Na lista dos países que adotam métodos de produção de energia renovável ecológicos, a China ocupa o primeiro lugar: duas turbinas eólicas são instaladas a cada hora e 20% da sua eletricidade é produzida por centrais hidroelétricas. No entanto, ainda existe um longo caminho a percorrer: mesmo impulsionada por esta dinâmica das energias renováveis, a China continua a ser um importante consumidor de combustíveis fósseis, com metas para reduzir os gases de efeito de estufa e limitar a poluição ainda fora do alcance, sendo os alertas sobre smog com níveis perigosos de poluentes ainda demasiado frequentes.
A Suécia é um modelo nesta área. Com 57% da sua energia proveniente de fontes renováveis, a Suécia está no bom caminho para deixar de utilizar totalmente combustíveis fósseis em 2040. E não são os únicos: a Dinamarca anunciou que produziu 140% das suas necessidades de eletricidade durante um dia especialmente ventoso em julho de 2016; a Costa Rica passou 76 dias seguidos sem recorrer aos combustíveis fósseis no terceiro trimestre, e mesmo o Reino Unido fez o mesmo por um dia no início do ano. Grandes parques eólicos em terra e alto-mar, enormes centrais solares e de energia geotérmica e hidroelétrica são utilizados em todo o mundo para aproveitar as energias renováveis a que cada país tem acesso. Além disso, os preços dos painéis solares, conectores e cabos fotovoltaicos caíram consideravelmente, o que foi recebido com entusiasmo pelo proprietário médio que deseja instalar esta tecnologia e obter lucro com a energia excedente gerada.
Nem todos os países estão exatamente ao mesmo nível. O Reino Unido pretende cobrir 15% das suas necessidades energéticas totais com as energias renováveis até 2020 – uma meta que, dado os dados atuais, é improvável que seja alcançada. Embora o Reino Unido esteja no bom caminho para atingir os seus objetivos de produção de energia, ainda está atrasado em outros setores, como o aquecimento e o transporte, e em metas de necessidades energéticas totais. Uma nova central nuclear recebeu a luz verde, mas, embora seja mais limpa do que uma central a carvão, a energia nuclear ainda levanta preocupações ambientais a longo prazo e não é considerada um combustível "verde". E eletricidade limpa não é a única coisa que precisamos: 12% dessa meta deve ser coberta por bombas de calor “limpas”, e o transporte elétrico e a hidrogénio deve representar 10% da meta global. É necessário que mais carros, autocarros e comboios utilizem combustíveis mais limpos. O setor ferroviário está a fazer a sua parte com grandes projetos de eletrificação de linhas em curso em toda a rede da Network Rail, mas estes exigem investimentos consideráveis e causam uma interrupção significativa do serviço durante os trabalhos de renovação necessários para implementar esta nova solução, mais ecológica e mais rápida.
A boa notícia é que agora está provado que tais projetos são exequíveis. Devemos continuar a dar prioridade às tecnologias verdes e limpas para alcançar os objetivos estabelecidos, e embora novos obstáculos e complicações nos estejam a bloquear o caminho, o potencial é agora conhecido e cabe-nos desempenhar o nosso papel: optar em favor das energias verdes quando pudermos e transformá-las em resultados concretos.