Porque é que a qualidade é importante nos cabos ferroviários: Tecnologia Ferroviária

Cabos: normalmente um pequeno componente num, em outros aspetos, projeto maior. A infraestrutura mais ampla faz com que os custos inerentes pareçam mais pequenos; no entanto, estes conectores essenciais podem unir um projeto. É uma prática corrente partir-se do princípio de que os cabos, onde quer que tenham sido adquiridos, devem “simplesmente funcionar”. Cabos utilizados em toda a rede ferroviária do Reino Unido foram fabricados de acordo com especificações da Network Rail, com aplicações e na criação de normalização. Estamos todos familiarizados com a mudança de os cabos de cobre para os condutores de alumínio com a intenção de dissuadir o roubo de cobre, e tem havido aperfeiçoamentos na concepção e na construção para ajudar no combater contra mais desafios ambientais, como a aplicação de uma cinta de fibra de vidro para dissuadir os roedores. No entanto, mesmo à luz desta marca, continua a haver uma grande variedade em termos de qualidade. Fora qualquer rasgo óbvio ou dano visível, sabe o que procurar num cabo que lhe permita identificar possíveis problemas antes da instalação?

Alguns dos sinais reveladores de cabos que não cumprem as normas incluem:

  • Encurvadura – o cabo poderá ter sido dobrado para além do respetivo raio mínimo de curvatura, danificando potencialmente os condutores internos e/ou o isolamento. Para evitar isto, os cabos precisam de estar enrolados no tambor de cabos com o tamanho correto e ter-se cuidado durante a instalação. Se constatado, devem ser realizados testes de resistência dos condutores bem como do isolamento para assegurar que os núcleos não foram danificados nem o desempenho afetado.
  • Camada de revestimento irregular – se o material extrusado da bainha tiver sido aplicado fora dos parâmetros ideais, tal pode resultar em irregularidades do revestimento. Se a divergência for excessiva, o cabo poderá não satisfazer os requisitos da norma. A conformidade é verificada mediante os valores mínimos, máximos e médios de medições efetuadas numa secção transversal.
  • Configuração não normalizada das cores de núcleos – a utilização de cores não conformes pode apresentar desafios no momento da instalação e no caso de futuras melhorias, pois os engenheiros serão confrontados com algo diferente do esperado. Alguns cabos multicondutores, como os cabos de sinalização NR/PS/SIG/00005, possuem núcleos pretos com numeração em branco, mas cabos de fibra como o NR/PS/TEL/00014 são codificados por cores, podendo ter 24 ou mais núcleos. Embora uma inspeção visual identificará esta não-conformidade, é nossa opinião que não deveria ter chegado assim ao seu local.
  • Descarnamento limitado/impossível – se as camadas constituintes estiverem coladas umas às outras em vez de se separarem facilmente para terminação do cabo, o mais provável é tratar-se de um problema de fabricação (não-aplicação de uma barreira de separação, como talco ou uma cinta). A velocidade da linha de produção da fábrica também precisa de ser controlada – a velocidade ideal poderá ser ligeiramente mais baixa e, portanto, a produção mais demorada – algo que fabricantes e fornecedores de confiança podem garantir que acontece.
  • Falta de capacetes selados a quente – se os cabos foram armazenados em condições ambientais aquém do ideal, existe o risco de entrada de água que pode causar oxidação nos condutores, corrosão na blindagem, podendo afetar as propriedades do isolamento e do revestimento. o que exigiria uma investigação mais aprofundada.

E aqueles que poderá não conseguir ver:

  • Massa e pureza insuficientes do metal – mais um problema no caso de cabos de cobre devido ao alto preço das matérias-primas, estes fatores poderiam levar a condutividade reduzida, mais calor e um maior potencial de falha do cabo. A comparação do teste de resistência dos condutores (ohms/km) com a norma BS EN 60228 identificará se os núcleos do cabo têm o volume prescrito. Da mesma forma, usando a espectrometria de fluorescência de raios X de acordo com RSP, podemos realizar testes para determinar tanto a pureza do condutor como a composição material de qualquer isolamento ou revestimento, para verificar se os níveis de substâncias perigosas não excedem os indicados na Diretiva RSP.
  • Cobertura reduzida do trançado – cada norma será específica quanto à cobertura de qualquer trançado metálico. Projetado para proporcionar um determinado grau de proteção mecânica, mas principalmente para proteger contra interferências eletromagnéticas. Se a percentagem de cobertura for inferior à indicada na norma, o sinal pode sofrer distorção ou perder-se totalmente.
  • Dano microscópico da bainha – habitualmente conhecido como teste de resistência da bainha, é realizado em particular nos cabos de alimentação de via de média tensão revestidos a grafite NR/PS/ELP/00008 de 33 kV e 44 kV, caso em que a camada de grafite semicondutora é descarnada ao longo de um comprimento predeterminado e aplicado um potencial de 5 kV. Uma baixa resistência indicaria uma falha com fuga de corrente ou penetração de humidade. As melhores práticas também preveem a repetição deste teste após a instalação a um potencial de 10 kV para demonstrar que não sofreu dano após a entrega.

Acreditamos que a qualidade e a conformidade não devem ser consideradas como garantidas. Foi isso que nos levou a criar o Cable Lab®, a nossa instalação de teste certificado pela UKAS segundo ISO17025, e porque todos os nossos cabos são sujeitos a rigorosos protocolos de GQ. Para além de realizarmos testes nos nossos próprios cabos, podemos prestar testes a cabos de terceiros, por exemplo, cabos que foram mantidos em estoque durante uma série de anos, e nesse caso é vantajoso verificar se cumprem as normas atuais e assegurar que a qualidade não foi comprometida. A nossa ampla gama de testes proporciona tranquilidade e demonstra «due diligence» quando se trata de garantir a conformidade. Enquanto empresa, mantemos amplos estoques de cabos e respetivos acessórios homologados pela Network Rail para entrega no dia seguinte. Além disso temos uma posição singular para atender a requisitos específicos baseados em projetos – todos os nossos cabos são sujeitos às mesmas avaliações técnicas, ao mesmo nível e gestão de projetos e aos mesmos altos níveis de serviço pré e pós-venda. No que diz respeito à obtenção de cabos para o seu projeto ferroviário, procure as melhores práticas do setor e confie nos especialistas em cabos.